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Por que Deus permite que o mal ocorra na Terra? Deus é um espectador inocente? Este livreto explora a diferença entre a vontade e o plano de Deus e entre a soberania de Deus e a autoridade do homem. Leia gratuitamente abaixo
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O mal não é uma ilusão, mas certamente uma questão de perspectiva. Quando Stalin matou milhões de pessoas de fome durante a década de 1930, em sua perspectiva foi “bom”, mas foi "mau" na perspectiva daqueles que morreram de fome. Tanto o bem como o mal, tal como vistos pelos homens, são questões de perspectiva.
Não quero dizer que o bem e o mal não existam. Sim, existem. Ambos são muito reais, e certamente existe uma diferença absoluta entre o certo e o errado. Não estou tentando ensinar o relativismo moral, mas me refiro a que tanto o bem como o mal estão posicionados abaixo da Primeira Causa, que é exclusivamente Deus. Deus é bom, e Deus não é perverso, e ainda mais Ele está acima de ambos, usando ambos para o Seu bom e perfeito propósito.
Exprimir tais conceitos na linguagem humana não é fácil, e para a mente humana só é possível aceitá-los e compreendê-los à medida que são revelados pelo Espírito Santo. Por eu mesmo estar ainda em crescimento, não posso alegar perfeição na compreensão nem na expressão. Por isso peço que seja paciente e compreensivo comigo enquanto tento discutir esses temas de grande peso.
No livro de Romanos, o apóstolo Paulo faz uma distinção entre o plano e a vontade de Deus. Em Romanos 2:17, 18 Paulo diz,
17 Mas, se tiveres o nome de "judeu" e confiares na lei e te gabares em Deus, 18 e conheceres a Sua vontade [thelema] e aprovares as coisas que são essenciais, sendo instruído a partir da lei.
A vontade de Deus é expressa aqui em termos da lei. "Não cobiçarás" é a vontade de Deus, e da mesma forma, "Não roubarás". A lei define o que é pecado, pois o pecado é ilegalidade (1 João 3:4), e Paulo nos diz "pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Romanos 3:20).
Em função disso, um número de pessoas prefere não aprender a lei, pois tal conhecimento resulta numa consciência do pecado que lhes parece algo "negativo" e deve ser erradicada da mente. Aqueles que têm sucesso em seu objetivo são, desse modo, capazes de pecar sem dor na consciência criando uma ilusão de retidão.
Paulo usa o termo thelema para descrever a VONTADE de Deus para nós. Essa palavra é aplicável em nível humano para governar nossas mentes dualistas. A lei estabelece para nós o que é pecado e retidão, e nos permite examinar e analisar as nossas atitudes, motivos e ações devidamente.
No entanto, Paulo também usa outra palavra grega para descrever o PLANO de Deus. Lemos sobre isso na argumentação de Paulo sobre a soberania de Deus em Romanos 9. Nos versículos de 9 a 13, Paulo apresenta a história de Jacó e Esaú como um exemplo da soberania de Deus e nos diz que Ele escolheu Jacó e rejeitou Esaú antes mesmo de nascerem, "para que o propósito de Deus, de acordo com a Sua escolha, se pudesse permanecer, não por causa das obras, mas por causa d'Aquele que chama".
Aqueles que não compreendem a mente de Deus ou Sua soberania tentam diluir isso dizendo que Deus sabia de antemão como Esaú seria, e assim Deus o havia rejeitado. Paulo não diz tal coisa. Ele diz que Deus os escolheu antes que tivessem feito o bem ou o mal para nos mostrar que não foi por suas obras, mas puramente pela soberania de Deus.
É óbvio que para a mente carnal isso parece terrivelmente injusto e "mal", mas só é injusto aos que não compreendem Romanos 5. Não é possível entender adequadamente a "injustiça" do plano de Deus sem primeiro ter entendido o fim da história apresentada no quinto capítulo. Ali, Paulo deixa claro que o primeiro Adão trouxe a morte a todos os homens (Romanos 5:12); igualmente, o último Adão (Jesus Cristo) trouxe vida a todos os homens (Romanos 5:18).
Ambos os cenários ocorreram a todos os homens sem o consentimento deles e à parte da sua própria vontade. Essas decisões foram tomadas unicamente por Deus. Em Adão, Deus impôs a pena de morte não só a Adão, mas a todos os seus descendentes e, de fato, a toda a criação (Romanos 8:22). Segundo a lei de Deus, isso seria tremendamente imerecido e injusto, pois através de Ezequiel ela nos diz que os filhos não morrerão pelos pecados de seus pais (Ezequiel 18:20, “A pessoa que pecar morrerá. O filho não carregará o castigo pela iniquidade do pai, nem o pai carregará o castigo pela iniquidade do filho; a retidão do reto ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre ele mesmo.” NASB).
Sempre que vemos Deus fazendo algo que parece imerecido ou injusto, podemos ter certeza de é porque não estamos vendo o quadro completo. Se pudéssemos ver o fim desde o início, saberíamos que Deus é justo e bom. O problema não está com Deus, mas com nossa percepção finita e perspectiva limitada.
Somente quando combinamos Romanos 5 com Romanos 9 é que podemos ver a verdadeira justiça e sabedoria de Deus. Deus impôs uma temporária injustiça a todos os homens fazendo que todos pagassem pelo pecado de seu pai, Adão. Isso foi feito de acordo com a lei da autoridade e liderança (cabeça), na qual todos aqueles que estão debaixo de autoridade são negativamente afetados pelo pecado de sua cabeça.
Porém, da mesma maneira, a injustiça é totalmente derrubada e corrigida pela mesma lei de liderança, na medida em que Jesus, o Último Adão, trouxe justificação a todos os homens (Romanos 5:18). Ambos os atos e ambos os resultados foram feitos sem contar com a vontade do homem. Assim, Paulo diz em 1 Coríntios 15:22, 23, "pois como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão vivificados, mas cada um em sua própria ordem".
A única qualificação ao princípio geral é o fato de que nem todos serão vivificados ao mesmo tempo. Cada um em sua própria ordem [tagma, "esquadrão"] indica que há um certo procedimento que deve ser cumprido antes que herdem a imortalidade. Nem todos são salvos ao mesmo tempo, na verdade, nem todos serão salvos nesta vida. A maioria será salva no "lago de fogo", como a igreja primitiva claramente ensinou. (Veja meu livreto, Uma Breve História da Reconciliação Universal.)
Sim, há uma segunda oportunidade para a salvação. Não existe nenhuma Escritura dizendo o contrário. De fato, a própria lei prevê uma segunda Páscoa ("justificação pela fé") para aqueles que não observam a primeira Páscoa. Leia Números 9. São coisas proféticas que virão.
Voltando agora ao nosso ponto de partida, Romanos 9 nos dá um segundo exemplo da vontade soberana de Deus sobre a vontade limitada do homem. Em Romanos 9:17, Faraó foi divinamente levantado para se opor à vontade de Deus por um tempo determinado a fim de declarar o nome de Deus em toda a terra. O versículo 19 conclui,
19 Então você me dirá: Por que Ele ainda encontra falta [em Faraó]? Pois quem resiste a Sua VONTADE [boulema, "plano"]?
A lei define a vontade de Deus, já o plano nos conta Sua vontade soberana, a perspectiva celestial, o panorama maior. A vontade de Deus para Faraó era "deixe o Meu povo ir." O plano de Deus era endurecer o coração de Faraó (Êxodo 7:3; 10:1) com o intuito de ATRASAR o cumprimento de Sua vontade até que dez pragas tivessem julgado o Egito. Sim, Deus sempre levou o crédito por isso. Podemos discordar das Escrituras em detrimento próprio, mas não mudaremos os fatos visto que estão escritos.
Visto da perspectiva da mente finita, Deus foi injusto em Seus procedimentos com Faraó. Mas, quando entendemos que o plano de Deus inclui a salvação de todos os homens, incluindo o próprio Faraó, começamos a compreender a mente do espírito e ver o final da história.
Na verdade, Deus livre e ousadamente leva crédito por fazer o que aparentemente é injusto porque Ele está plenamente convicto de que no final toda a criação será reconciliada em Cristo. Colossenses 1:16 e 20 diz,
16 Pois por Ele todas as coisas [ta panta, "o tudo"] foram criadas, tanto nos céus quanto na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos ou domínios ou governantes ou autoridades–todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. . . 20 e por meio dEle reconciliar todas as coisas [ta panta, "o tudo"] Consigo mesmo, tendo feito a paz através do sangue de Sua cruz; por meio dEle, digo, sejam coisas na terra ou coisas no céu.
"O tudo" da criação no versículo 16 é "o tudo" que Cristo reconciliou na cruz no versículo 20. Não apenas Adão e Seus descendentes, mas toda a criação será liberta na gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Romanos 8:22). De fato, a manifestação dos filhos de Deus é uma boa notícia para o restante da criação, pois eles são os primeiros frutos da criação (Tiago 1:18). Veja meu livro Jubileu da Criação.
Nossa perspectiva é a thelema (vontade) de Deus, mas à medida que nos submetemos à mente de Cristo e Seu boulema (plano), conseguimos entender os propósitos de Deus e ver a criação a partir de Sua perspectiva. E assim, ficamos tão maravilhados como Paulo quando diz em Romanos 11:33 e 36,
33 Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos!... 36 Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!
Nossa perspectiva limitada nos dá uma ilusão de injustiça, quando na verdade Deus é descoberto como totalmente soberano e totalmente justo. Ele manterá Sua justiça responsabilizando todos os homens pelos pecados cometidos em suas vidas; mas lhes ensinará retidão por meio dos Seus retos julgamentos, "pois quando a terra experimenta os Teus julgamentos, os habitantes do mundo aprendem a retidão." (Isaías 26:9).